Considerada um dos principais laboratórios para o desenvolvimento de aeronaves regionais para as próximas décadas, a empresa holandesa Maeve Aerospace tornou público o mais novo projeto do Maeve Jet Series 500 (MJ500), aeronave planejada para substituir os jatos regionais atuais a partir de meados da próxima década.
Como linhas gerais, o projeto MJ500 pretende oferecer uma aeronave com capacidade para 76 pessoas em uma configuração de três classes, 90 em duas classes e 100 em classe única, com fileiras de cinco assentos, asa baixa enflechada e motores de rotor/estator abertos montados na parte traseira.
Quando configurado como uma aeronave de 76 assentos para atender aos limites da cláusula de escopo piloto dos EUA, o MJ500 foi projetado para voar a Mach 0,75 e a 35.000 pés, enquanto consome de 30% a 40% menos combustível do que os jatos regionais (RJ) que foi projetado para substituir, em um pacote com peso total de 39.000 kg (86.000 lb). Segundo a Maeve, o custo operacional do MJ500 é reduzido em cerca de 20% se comparado a aeronaves semelhantes atuais.
A característica de design mais interessante da aeronave são os dois motores montados a meia altura na cauda da aeronave, um arranjo semelhante a aquele tentado pela Embraer nos anos 90 com o fracassado projeto CBA 123 Vector.
A Maeve planeja usar como aparato propulsivo uma tecnologia ainda em experimentação, conhecida como ‘motor híbrido’, que combina características de motores turboélices com aqueles de propulsão a jato. A tecnologia, que está sendo desenvolvida pela CFM International no escopo do programa RISE, combina um motor térmico e um elétrico, que são acionados pela caixa de engrenagens do motor em determinados momentos do ciclo de voo.
Boa parte do projeto MJ500 se baseia no de outra aeronave conceito desenvolvida pela firma holandesa, conhecida como M80 e que foi revelada ao público em 2023. A aeronave também se enquadrava no perfil regional, sendo uma possível concorrente no segmento atualmente ocupado pelos ATR-72 e De Havilland Dash-8-Q400.

Apesar do projeto ter sido posteriormente engavetado em favor do MJ500, o M80 acabou sendo importante para a Maeve, por atrair parceiros de peso no segmento de construção de aeronaves, tais como a Mitsubishi Heavy Industries RJ Aviation (MHIRJ), que adquiriu o programa CRJ da Bombardier em 2019 e foi contratada pela Maeve para fornecer serviços de engenharia e marketing.
Com o MJ500, o principal alvo da Maeve é abocanhar uma fatia de mercado que irá procurar a substituição da frota de Bombardier CRJ 550, 700 e 900, bem como Embraer ERJ e E175-E1 na próxima década, visto o alcance planejado de 1.200 a 1.500 milhas náuticas com 76 ageiros, e 900 milhas com o perfil de alta densidade para 100 assentos.
A aeronave se encontra atualmente na fase conceitual, com previsão de conclusão deste o pela Maeve e a MHIRJ para o início de 2026. Em seguida, se espera que o modelo atinja a fase preliminar de produção, com os primeiros voos de teste planejados para 2029. Como startup, a Maeve não espera levar o MJ500 à produção sozinha, mas sim reunir um consórcio de parceiros da indústria, contando com o forte apoio da própria Mitsubishi.