O caça F-5 está entre os aviões de combate mais populares do mundo. Um dos produtos de maior sucesso da norte-americana Northrop, o pequeno jato militar teve pouco mais de 2600 unidades produzidas entre as versões Freedom Fighter e Tiger II. Ainda operado por vários países, incluindo o Brasil, o F-5 também sofreu diversas atualizações e modificações, mas uma ‘nova versão’ apresentada pelo Irã há quase 20 anos está entre as mais peculiares.
Trata-se do Saeqeh (raio em português), também chamado de Saegheh ou Saeqeh-80, essencialmente uma modernização que o Irã desenvolveu para um dos caças mais numerosos de sua veterana frota de combate. O projeto iraniano, no entanto, é bem diferente do que foi visto em outros upgrades do F-5 pelo mundo. ‘Fabricado’ pela Iran Aircraft Manufacturing Industrial Company (HESA), o Saeqeh é facilmente reconhecido por ter duas caudas.
O F-5 tem um desenho marcante e até, de certa forma, agressivo. Muito embora não tenha a melhor das performances, o pequeno Tigre da Northrop ainda chama atenção por onde a (especialmente quando a baixo e rápido nos portões abertos). Assim, quem vê o Saeqeh logo fica espantado ao se deparar com um F-5 bem diferente do usual.

Desenvolvido para equipar aliados dos Estados Unidos, o F-5 foi exportado para dezenas de países, boa parte dos quais ainda o operam. Com o Irã – que já teve relações bem melhores com os EUA – não foi diferente: o país recebeu cerca de 300 F-5 Freedom Fighter e Tiger II entre 1972 e 1976, sendo até hoje um dos maiores clientes do modelo.
Com a Revolução Islâmica de 1979, a frutífera parceria entre Washington e Teerã foi desfeita. A grande frota da ‘nova’ Força Aérea da República Islâmica do Irã (IRIAF) ficou sem e do seu principal fornecedor. Os iranianos tiveram que se virar para manter os aviões operacionais e, mais tarde, adequá-los ao Século 21.
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Em julho de 2004, a TV estatal iraniana mostrava o estranho Saeqeh ao público em seu primeiro voo. Na época, autoridades apresentaram o F-5 com duas derivas como um jato de 4ª geração, com performance equivalente a do F/A-18 Hornet norte-americano (apesar de ter como base um avião muito inferior). Cerca de três anos depois, o Irã anunciou ter colocado o Saeqeh em serviço com o 23º Esquadrão de Caça Tático com a Base Aérea Tática 2, em Tabriz.

Certamente a referência ao avião dos EUA não foi coincidência: além dos estabilizadores verticais parecidos, o Saeqeh ostentava uma chamativa pintura azul com detalhes em amarelo, lembrando o esquema utilizado pelos Blue Angels, equipe acrobática da Marinha dos EUA que também usa o F/A-18.
Um dos protótipos do jato também possuía modificações nas entradas de ar e teve os trilhos de lançamento de mísseis das pontas das asas retirados. Mais tarde foram recolocados, uma vez que estes componentes também diminuem a vibração das asas.
A IRIAF diz que os F-5 modificados receberam novos aviônicos, como displays digitais e radar multimodo e que o Saeqeh teria um alcance de 3000 km. No entanto, sabe-se muito pouco sobre as características do Saeqeh, inclusive como as duas caudas alteram sua performance, seja pra pior ou melhor. Os próprios iranianos não falam tanto da aeronave, que dificilmente é um avião totalmente novo como alegam.
Em 2015, o Irã apresentou o Saeqeh II, dessa vez com dois assentos e baseado no F-5F, afirmando que a nova versão seria dedicada não só às atividades de treinamento, mas que também seria usada em combate.
Por fim, acredita-se que o Irã tenha entre 12 e 16 Saeqeh, todos na base aérea de Tabriz. Assim como tantas outras informações sobre as forças armadas do Irã, os detalhes sobre o Saeqeh permanecem um mistério, quase duas décadas após ser apresentado.